Um sonho de mil gatos - The Sandman




Um baita conto que aparece na série The Sandman. 

Durante muito tempo, Sandman foi considerado “inadaptável”, e o episódio Um Sonho de Mil Gatos confirma o porquê. A narrativa, centrada em um mundo felino e em sua perspectiva, apresenta desafios evidentes para o audiovisual — superados pela escolha certeira da animação. Dirigido por Hisko Hulsing, o episódio traduz com sensibilidade a atmosfera da HQ original (The Sandman #18, parte do arco Terra dos Sonhos), equilibrando lirismo, melancolia e beleza visual.

A produção combina pinturas a óleo com animação 2D e modelagens 3D hiper-realistas dos gatos, resultando em um espetáculo estético que amplifica o teor onírico da história. A dublagem de Sandra Oh dá vida à gata Profeta, cuja jornada mistura dor, amor e transcendência. O episódio aborda temas caros a Neil Gaiman — o poder dos sonhos, a criação e a reinvenção da realidade —, explorando como o sonho coletivo pode transformar mundos.

Mais que uma adaptação fiel, Um Sonho de Mil Gatos é uma meditação poética sobre esperança e reconstrução, onde o universo felino se torna metáfora da própria condição humana.


ARQUIVO DA HQ TRADUZIDO AQUI>>>

VÍDEO>>> VER NA NETFLIX, SÉRIE THE SANDMAN - TEMPORADA 1, EPISÓDIO ESPECIAL 11. 


E. E-kan 

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TEXTO EXTRA DO TRADUTOR:

PALAVRAS NA AREIA

 O Ronronar dos Sonhos

Pobres humanos... Escravos de seus próprios sonhos e presos pelos grilhões do ceticismo, eles são incapazes de vislumbrar e sentir a imensidão da verdadeira não- realidade que os rodeia. Certos de sua superioridade genética, os homens desconhecem as forças motrizes do Universo e julgam-se filhos das estrelas por terem pisado em solo lunar. Tolos pretensiosos... A Mãe-Terra aconchega outros animais muito mais interligados ao nicho macrocósmico. Os insetos e suas regras sociais quase geométricas. As aves e seu instinto de voo em plena harmonia com o magnetismo Polar. Os mamíferos aquático e seus mistérios inimagináveis. Tantos exemplos da irracionalidade superior construídos sobre o primitivismo da Criação. Entre eles, porém, uma espécie só desenvolveu vertiginosamente, estruturalmente perfeitos rápidos, ágeis e fortes. Completamente auto-suficientes, eles fingem ser domesticados pelo homem apenas por conveniência. Sua beleza inegável entra em conflito com a ferocidade repentina de seus atos. Possuidores de olhos que se igualam às mais raras e preciosas gemas, ele veem coisas invisíveis à percepção humana: seres de outras dimensões, espíritos errantes, imagens aleatórias do passado e do presente. Amados por poucos, mas odiados por muitos, estes fantásticos animais são comumente chamados de gatos, Chat, Cat, Pushak, Die-Katze, Gatto, Gato. Não importa em que língua ele seja pronunciado, sua majestade é inegável. Muitas foram as culturas que utilizaram esses "inofensivos felinos como símbolo de adoração. Hoje a descomunal e misteriosa Esfinge do Antigo Egito, é maior monumento arquitetônico dedicado a eles. Em sua época áurea, o império que surgiu às margens do Nilo reverenciava o gato como um animal sagrado por causa de sua ligação com a deusa da Lua, PashtDa mesma forma, a deusa que representava o Sol, Bast, possuía a cabeça de um felino. Alguns pesquisadores acreditam que ele era adorado pelos egípcios porque tinha a capacidade de "enxergar ou sentir” a presença de espíritos bons e maus. Depois, provavelmente comercializados pelos fenícios, esses animais chegaram à Europa. Infelizmente,  os bichanos não foram vistos com bons olhos pelo fanatismo doentio da greja na Idade Média. Os sagrados animais egípcios (principalmente os de cor preta) passaram a ser sacrificados pelas chames da Inquisição. Daí se originaram ditados populares como jamais deixar um gato preto cruzar seu caminho e outras tolices inerentes à "sapiência humanaAlgum tempo depois, ainda em descrédito religioso, eles serviram para conter a peste negra, caçando os ratos que se alastravam pelas cidades. Mais tarde, com a colonização americana, os gatos finalmente alcançaram o Novo Mundo e foram usados, uma vez mais, como ratoeiras móveis peludas" (naquela época, a ACME INC ainda não tinha desenvolvido nenhuma parafernália tecnológica como "rat terminators ou ou coisa parecida...) nas cidades e, até mesmo, no campo. Em decorrência desses lamentáveis incidentes, o "pequeno grande felino" passou a ser retratado como um reles inimigo mortal dos vorazes roedores. Hump!!!! Que absurdo! Uma verdadeira afronta a um ser tão nobre! Hoje, os gatos reconquistaram um certo status na sociedade pseudo-evoluída dos homens, tornando-se dóceis e carinhosos "bichinhos de estimação". Na verdade, os humanos é que cederam ao ronronar hipnótico e começaram, sem perceber, a entrar num processo irreversível de felinização". Não há como escapar. Quando a noite chega, trazendo consigo a areia mágica soprada por Morpheus, os "donos do mundo" perdem-se em sonhos fúteis que apenas preenchem suas frustrações pessoais. No entanto, aqueles que foram venerados como deuses no berço da civilização sonham coisas estranhas, como mudar a realidade. No sonhar, eles planejam um comp contra a humanidade. Se a presente situação irá mudar ou não, apenas só Destino sabe dizer. Não nos convém, entretanto, atravessar uma ponte antes que eles seja construída. Bom... A história foi contada. Verdade. Mentira, devaneio. Que diferença faz? E apenas um sonho dentro de sonhos. E neste momento, a única coisa que me veio à mente é um velho ditado inglês: Somente um Rei é capaz de fitar os olhos de um gato"

 Leandro Luigi Del Manto

 P.S.: Não me julguem pretensioso por fazer uso do conto narrado nesta edição, mas gostaria de dizer que sinto muita falta do pêlo sedoso e do olhar sempre carinhoso r de Gwydion (ou "Güidinho": como acabou cabou sendo apelidado), um gato muito especial, que compartilhou vários de seus momentos mágicos comigo Fol uma honra para mim, mas, infelizmente, meu sonho terminou com o "bater de poderosas asas" e ele se foi. Sinto saudade, Gwydion....


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Referência:


THE SANDMAN – Um Sonho de Mil Gatos (Dream of a Thousand Cats). Direção de Hisko Hulsing. Roteiro de Catherine Smyth-McMullen. EUA; Reino Unido: Netflix, 2022. T1 x 11, (16 min), son., color. Disponível em:
https://www.netflix.com 

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